Perguntas e respostas

Perguntas e respostas

Felizmente, a vacina contra a Covid-19 chegou e com ela surge uma luz no fim do túnel contra essa pandemia. Embora os pacientes em tratamento oncológico não tenham sido classificados como grupo prioritário para receber a vacina nesse primeiro momento eles são grupo de risco devido o tratamento com quimioterapia debilitar bastante o sistema imunológico durante as sessões de quimioterapia. 

Vamos compartilha na íntegra um guia com perguntas e respostas elaboradas pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Até o momento, o Ministério da Saúde não incluiu os pacientes oncológicos no Plano Nacional de Vacinação como um dos grupos prioritários para receber a vacina contra a Covid-19. E isso vem gerando muita discussão sobre a relação entre seus tratamentos contra a doença e as vacinas que estão sendo aprovadas pela ANVISA contra a Covid-19.  Afinal, esses pacientes vão poder tomar vacina?

1) Os pacientes oncológicos em tratamento devem tomara a vacina?

SIM

Embora não tenham sidos classificados como grupos prioritários parta receber a vacina, essa população é considerada de alto risco para complicações pela Covid-19. É importante ressaltar que, historicamente, está contraindicado o uso de vacinas contendo vírus atenuado em indivíduos imunossuprimidos, incluindo pacientes oncológicos, de forma que esse aspecto deve ser advertido. É imprescindível a avaliação médica individual de cada paciente quanto a possíveis ressalvas à vacinação.

2) As vacinas contra a Covid-19 são seguras para esses pacientes?

SIM

Embora evidências a respeito da vacinação em pacientes com câncer seja limitada, há evidência suficiente para reforçar a indicação e a segurança das vacinas em geral (exceto para vacinas com vírus vivo atenuado ou com vetor de replicação-competente), mesmo nos pacientes em vigência de tratamento.

3) As vacinas contra Covid-19 são eficazes nesses pacientes?

PROVAVELMENTE SIM

Dados de vacinação de pacientes oncológicos em outros contextos, com influenza, doença pneumocócica e herpes zoster, sugerem haver efeito protetor. A exemplo, a vacinação contra influenza reduz hospitalizações relacionadas às doenças, interrupção de quimioterapia e risco de morte.

Baseados na extrapolação destes dados e de outras vacinas associado à interpretação dos mecanismos de ação das vacinas contra a COVID-19 (vacinas com agentes não vivos), pressupõe-se que a eficácia e a segurança da vacina contra o SARS-CoV-2 seja similar à população geral, embora os dados de estudos clínicos ainda sejam escassos.

A eficácia pode variar em diversos contextos (tipo de tumor, extensão da doença, tratamento imunossupressor, entre outros), entretanto, os benefícios da vacinação devem ultrapassar substancialmente e significantemente os riscos.

4) O tratamento oncológico pode interferir na eficácia da vacinação?

SIM

As diferentes modalidades de tratamentos oncológicos podem interferir e alterara a eficácia da vacina nesses pacientes. A exemplo, o tratamento quimioterápico, que resulta em redução da imunidade do paciente, pode altear a resposta imunológica protetora do paciente à vacinação.

Por outro lado, entre pacientes em uso de imunoterápicos, o estímulo imunológico poderá interferir tanto na geração da resposta à vacina quanto, em teoria, nos efeitos colaterais. Mas dados são necessários para entender a resposta à vacina frente aos diferentes tipos de tratamentos à vacina frente aos diferentes tipos de tratamentos oncológico.

5) Qual o momento ideal para pacientes com câncer serem vacinados?

O ideal é que a vacina seja administrada entes de iniciar o tratamento, entretanto, mesmo nos pacientes que já o iniciaram, é razoável que os mesmos sejam vacinados a qualquer momento.

Em pacientes em tratamento com medicamentos imunossupressores, as vacinas com vírus vivos atenuado devem ser evitadas. O oncologista clínico deve avaliar o melhor momento do tratamento do paciente oncológico para a vacinação. Porém, pelo caráter protetor da vacina para esse grupo de alto risco, a vacinação deve ser sempre priorizada.

6) Sabendo que duas vacinas foram aprovadas no Brasil, existe uma preferência para pacientes oncológicos?

SIM, para pacientes imunossuprimidos.

Para esses pacientes, havendo a possibilidade de escolha, o médico deve priorizar o uso da vacina CORONAVAC, baseada em vírus inativo, que é o tipo de vacina mais usada para pacientes oncológicos. A vacina de Ocford/ AstraZeneca é elaborada a partir de vírus vivo atenuado.

Apesar de informar não ser replicantes em humanos, não possuímos embasamento sobre o uso em pacientes oncológicos e em tratamento soabre imunossupressor. Os dados de vacinação em pacientes oncológicos são escassos, e muito do conhecimento atual é extrapolado a partir de outras vacinas.


Principais caraterísticas das vacinas aprovadas no Brasil

CORONAVAC

  • Desenvolvimento: SINOVAC
  • Produção no Brasil: Instituto Butantam (SP)
  • Tecnologia: Vírus inativado
  • Número de doses: 2
  • Armazenamento: entre 2°C e 8ºC
  • Situação na ANVISA: Aprovada para uso Emergencial

ChAdOx1 nCoV-19

  • Desenvolvimento: AstraZeneca em parceria com Universidade de Oxford
  • Produção no Brasil: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ)
  • Tecnologia: Vetor viral não replicante (vírus vivo modificado, perdendo a capacidade de replicação)
  • Número de doses: 2
  • Armazenamento: entre 2°C e 8ºC
  • Situação na ANVISA: Aprovada para uso Emergencial

 

7) Os pacientes que já terminaram o tratamento contra o câncer devem ser vacinados?

SIM

Desde que não haja outra contraindicação à vacinação ou alergias aos componentes da vacina. Nesses indivíduos, a exemplo da população geral, a vacinação é imprescindível.

8) A equipe de saúde envolvida no tratamento oncológico deve ser vacinada?

SIM

Desde que não haja contraindicação à vacinação ou componente da vacina. A vacinação da equipe de saúde contra influenza mostrou reduzir a transmissão da infecção em ambientes hospitalares. Além disso, alguns pacientes imunocomprometidos podem não adquirir resposta imune suficiente à vacinação.

Isto colabora para que a equipe de saúde, que lida com a mais vasta gama de pacientes a atua num cenário de alto risco, seja também vacinada.

9) Pacientes recendo imunoterapia na forma de bloqueadores de co-receptores imunes devem ser vacinados?

SIM

Os pacientes em uso destes medicamentos, também conhecidos como inibidores de checkpoint imunológico, especialmente aqueles com câncer de pulmão, têm maior risco de complicações pela COVID-19. Entretanto, podemos estar diante de dados controversos, já que a maior gravidade possa ser devido a riscos não relacionados ao tratamento, mas por comorbidades associadas.

Não está claro se pacientes recendo essa classe de imunoterápicos podem apresentar complicações ou reações adversas exacerbadas de qualquer vacina. Embora a interação da vacina com estes inibidores ainda precise ser mais bem elucidada, a extrapolação dos dados da segurança da vacina contra influenza, nos pacientes em vigência do tratamento, reforça a indicação da vacinação, independe do momento em que a terapia foi iniciada.

Considerando os riscos e possíveis benefícios, e desde que não existam outras contraindicações, sugerimos fortemente que os pacientes em tratamento com bloqueadores de co-receptores imunes recebam a vacina, sem interrupção do seu tratamento.

10) Se o paciente for vacinado durante o período de imunossupressão, deverá ser vacinado novamente?

Até o presente momento não existem dados para a revacinação neste cenário.

11) Pacientes com história prévia de COVID-19 devem ser vacinados?

SIM

Alguns pacientes já infectados por Sars-CoV-2 incluídos em estudos clínicos, e estes mostram superior resposta imune sem acréscimo à toxidade de vacina.

Embora a reinfecção pelo por Sars-CoV-2seja nos primeiros 90 dias após a infecção primária, não existe uma recomendação formal do intervalo mínimo entre a recuperação infecção pelo paciente e a vacinação.

12) Pacientes que já tenham anticorpos conta COVID-19 devem ser vacinados?

SIM

Até o momento, não existe experiência suficiente relacionando a presença de anticorpos com proteção futura, e a duração da imunidade não está claramente estabelecida. A rotina sorológica entes da vacinação não é recomendada, assim como não são utilizadas para guiar o momento da vacinação.

13) Devemos acompanhar o paciente vacinado com sorologia?

NÃO.

Até o momento, os testes sorológicos não são utilizados para acompanhar a resposta vacinal ou duração da imunidade.

Conclusão da SBOC:

“Conforme os dados disponíveis até o momento, a vacinação contra a COVID-19 tem se mostrado eficaz e segura. Os pacientes oncológicos devem ser vacinados, excetuando as vacinas com componente vivo/atenuado nos pacientes com tratamento ativo imunossupressor, e aqueles pacientes que, por ventura, apresentem contraindicação a qualquer componente das mesmas”.

 

FONTE: Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica- SBOC-

 

Esperamos que estas orientações tenham ajudado você a entender melhor esse assunto tão importante na vida do paciente oncológico. Os textos publicados em nosso Blog têm caráter informativo e suas informações não substituem a consulta com especialistas. Para mais informações sobre o tema, entre em contato com um médico e tire suas dúvidas.

Dr. Carlos Felin – CRM 9751
Médico Oncologista – Diretor Técnico da Oncocentro Santa Maria

 

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